domingo, 8 de dezembro de 2013

Suposta pirâmide dá prejuízo a Cesar Cielo e atletas em SP

Um negócio milionário no interior de SP, suspeito de funcionar como pirâmide financeira, acabou em prejuízos para investidores como jogadores de futebol e medalhistas olímpicos da natação.
No grupo estão os nadadores Thiago Pereira, Fabíola Molina e Cesar Cielo. Juntos, investiram cerca de R$ 2 milhões, sob a promessa de lucro alto e rápido.
A suposta pirâmide, agora investigada, começou em 2011 quando duas empresas de logística precisaram de dinheiro para expandir.
Contratadas por grandes indústrias para exportar ou importar produtos, elas conseguiam lucrar com a seguinte estratégia: quitavam antecipadamente o frete de determinada mercadoria para, depois, receber o pagamento das indústrias, com lucro.
Por exemplo: para enviar produtos à China, essas duas empresas pagavam ao embarcador cerca de R$ 150 mil. Depois que a mercadoria chegava ao destino, recebiam pelo serviço cerca de R$ 170 mil das indústrias, em parcelas.

Eduardo Kanpp/Folhapress
O recordista mundial de natação Cesar Cielo, que perdeu dinheiro com suposto golpe
O recordista mundial de natação Cesar Cielo, que perdeu dinheiro com suposto golpe
Conforme o negócio crescia e mais indústrias contratavam os serviços, aumentou também a necessidade de dinheiro em caixa para o pagamento antecipado dos fretes. Foi então que as empresas buscaram mais investidores.
Uma dessas empresas é a AC&K Berna, de São José dos Campos, que pertence à família do ex-goleiro do Fluminense Ricardo Berna, hoje no rebaixado Náutico.
Os contratos entre as empresas e os investidores eram do tipo SCP (Sociedade em Conta de Participação), considerados pouco seguros, mas assinados entre a AC&K Berna, parentes e amigos.
A AC&K Berna tinha como sócia a empresa de comércio exterior MC Camargo, de Campinas, responsável pela parte operacional e pelos contatos com as indústrias.
No fim de 2012, já com mais de uma centena de investidores, as duas empresas de logística chegaram a ter cerca de R$ 100 milhões em caixa.
Foi então que, no primeiro semestre deste ano, o negócio ruiu: a AC&K parou de captar recursos com outros atletas, acabou o lucro e os investidores não receberam o dinheiro de volta.
NA JUSTIÇA
Hoje as empresas travam uma disputa na Justiça. A AC&K Berna, que diz ser vítima da MC Camargo, cobra da ex-sócia R$ 35 milhões para ressarcir 143 investidores.
À Justiça, a AC&K disse suspeitar que parte dos fretes, operacionalizados pela outra empresa, nunca tenha existido. Nesse caso, os lucros até então repartidos teriam vindo do dinheiro dos novos investidores, o que caracterizaria uma pirâmide.
Editoria de arte/Folhapress
No caso dos nadadores, o plano era investir num grupo de elite de atletas para treinar para a Olimpíada de 2016 em um centro a ser construído em São José dos Campos.
O grupo contratou membros da comissão técnica da seleção para o projeto. Há reclamações de investidores no site Reclame Aqui. Procurados, Molina, Cielo e Thiago não comentam o caso. As empresas não falam do processo, que corre em sigilo na 7ª Vara Cível de Campinas.
OUTRO LADO
O advogado da MC Camargo, Cristiano Bovolon, disse que o processo no qual a empresa é cobrada está em segredo de Justiça e que, por isso, não comentará o caso.
Bovolon disse ainda que, se a reportagem fosse publicada, "adotaria as medidas judiciais cabíveis contra as pessoas que forneceram informações" sobre o processo.
O advogado Paulo Leme, que representa a AC&K Berna no processo contra a ex-sócia MC Camargo, disse que não poderia comentar o caso em detalhes, mas afirmou que a firma "se sente tão prejudicada quanto os investidores" que perderam dinheiro.
Questionado sobre a suspeita de que parte das operações de transporte nunca tenha ocorrido, Leme afirmou: "A suspeita de que foi uma pirâmide financeira existe".

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