Caso venha a assumir nos próximos dias o governo do Estado do Rio
Grande do Norte, e permaneça na condição de chefe do executivo estadual,
o atual vice-governador, Robinson Faria, presidente estadual do PSD,
modifica completamente o quadro político do estado. Pré-candidato a
governador nas eleições de 2014, Robinson fortalece sua candidatura e,
fazendo neste período um bom governo, poderá contar com o apoio de
diversas lideranças políticas do estado e de fora dele.
O mais forte apoio a Robinson Faria viria do próprio Palácio do
Planalto. O PSD, legenda presidida no Estado pelo vice-governador, é
aliado do PT em nível federal. O dirigente nacional do PSD, ex-prefeito
de São Paulo Gilberto Kassab, costura com Dilma e com o ex-presidente
Lula diversas alianças com o PSD nos estados. Haveria grande
possibilidade de o PT se aliar com o PSD no Rio Grande do Norte.
Por tabela, não haveria razões para que outras legendas, a exemplo do
PSB da ex-governadora Wilma de Faria, o PMDB do ministro da Previdência
Garibaldi Filho, e o PDT, do prefeito de Natal, Carlos Eduardo,
deixarem de apoiar a reeleição de Robinson, bastando, para tanto, que
ele se fortalecesse como governador, realizando uma boa gestão.
DESAGRADO
Entretanto, a assunção de Robinson ao governo aparentemente não
interessaria a algumas lideranças políticas do Estado, o que ficou
claro, nas entrelinhas, nas notas e manifestações de algumas dessas
lideranças ontem, após a decisão do Tribunal Regional Eleitoral que
resultou no afastamento da governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
Uma dessas lideranças seria o senador José Agripino Maia. Num
primeiro momento, interessaria a ele a inelegibilidade de Rosalba, por
facilitar as composição dos palanques envolvendo o DEM nas eleições do
ano que vem. Contudo, o fato de Rosalba ser considerada “ficha suja”,
por conta da confirmação da condenação por malversação de recursos
públicos do Estado durante a campanha eleitoral, termina comprometendo a
imagem do DEM nacionalmente, o que fez com que Agripino mudasse
manifestasse apoio a Rosalba.
“Decisões judiciais tomadas devem ser cumpridas. Mas elas não são
infalíveis. Existem instâncias e recursos. O Democratas, no que possa,
não faltará a governadora Rosalba Ciarlini em cuja probidade sempre
confiou”, afirmou o senador José Agripino em nota à imprensa. Além
disso, Robinson rompeu duramente com o senador José Agripino, e a
chegada de Robinson ao poder também não seria do agrado do senador.
Outro que não gostou do afastamento, mas que, nos bastidores, teria
ficado satisfeito com a inelegibilidade, foi o deputado federal Henrique
Eduardo Alves. Tentando se viabilizar como candidato a governador,
interessaria a Henrique que Rosalba não fosse candidata, o que seria uma
adversária a menos na campanha que vem. Mas, o afastamento dela, com a
posse de Rosalba, já não seria tão interessante para Henrique, haja
vista que Robinson seria o adversário preferencial de Henrique numa
campanha que tivesse Henrique como candidato na disputa pelo governo do
Estado. “Reconheço e respeito a decisão da justiça, mas nesse momento
difícil que o estado enfrenta, considero que o resultado final da medida
não foi bom para o Rio Grande do Norte sobretudo nesta hora de crise”,
afirmou.
SERENIDADE
O vice-governador Robinson Faria tomou conhecimento da decisão dos
juízes do TRE na tarde de ontem e, através de nota, declarou cumpriria
seu papel constitucional. “Trata-se de um momento no qual é preciso
manter a serenidade. O país e o Rio Grande do Norte têm instituições
consolidadas. O importante é que, seja qual for a conjuntura, não
tomarei nenhuma decisão ou atitude que provoque um ambiente de
insegurança administrativa ou jurídica. Cumprirei o meu papel
constitucional”, afirmou.
Em um texto equilibrado, Robinson salientou que não está movido de
revanchismo, nem mesquinhez, nem disputas eleitorais extemporâneas.
“Cumpro e cumprirei sempre o papel que a Constituição me atribuir, com
as prerrogativas que a lei me garante, e pronto para contribuir com as
instituições democraticamente constituídas”, disse.
Fonte: JH
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