terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Prejuízo com a seca no RN já chega a R$ 1 bi

Chuvas previstas para 2014 não serão suficientes para encher reservatórios e abastecer cidades do interior; secretário estima perdas de R$ 1 bilhão com estiagem

A chuva tão esperada pelos produtores e pelos sertanejos não vai preencher todos os reservatórios de água do estado. Mesmo com o inverno “normal” que chega nos meses de março, abril e maio, as precipitações não devem ultrapassar os 600 milímetros durante o próximo trimestre. Para se ter uma ideia, a quantidade de água é menor do que a registrada no começo do inverno de 2011, quando choveu 951mm. A Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn) acredita que a chuva deve preencher apenas 30% das barragens potiguares.

Os reservatórios já se encontram em estado preocupante. De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual do Meio Ambienta e dos Recursos Hídricos (Semahr), unindo os cinco reservatórios – Armando Ribeiro Gonçalves, Itans, Gargalheiras, Santa Cruz do Apodi e Poço Branco – o estado possui apenas 33,17% da sua reserva de água abastecida.
Foto: Ney Douglas/NJ.
Ney Douglas/NJ
Segundo os metereologistas, as precipitações não devem ultrapassar os 600 milímetros durante o próximo trimestre
“É meio difícil que a chuva deste ano atinja as médias boas de 2011, mas não é impossível. A natureza pode se impor e haver algumas mudanças significativas. Você não tem variáveis claras ainda”, comentou o metereologista da Emparn, Gimar Bistrot. O especialista foi o responsável por apresentar os resultados de um estudo sobre a previsão de chuvas no RN durante a III Reunião de Análise e Previsão Climática para o Norte do Nordeste do Brasil, na última sexta-feira.

Bistrot explica que a possibilidade de normalidade das chuvas ocorre devido às temperaturas do Oceano Atlântico e Pacífico, que têm apresentado um comportamento próximo do normal. Uma mudança desse resultado ainda pode acontecer e interferir na chamada Zona de Convergência: área próxima à linha do Equador, onde os ventos dos hemisférios sul e norte se encontram. Localizado próximo a essa linha, o RN fica a mercê do fenômeno para receber as precipitações.

O secretário estadual de Recursos Hídricos, Leonardo Rêgo, entretanto, encara o “inverno normal” com otimismo. De acordo com o titular da pasta, mesmo que as chuvas não abasteçam todos os reservatórios, vai ser possível abastecer as cidades que estão em situação de colapso devido à falta de água. No total, 36 municípios estão ou correm o risco de entrar em colapso, segundo a Companhia de Água e Esgotos do RN (Caern).

“Em função desta estiagem bastante prolongada, não temos a perspectiva de que os reservatórios sejam totalmente preenchidos. A (barragem) Armando Ribeiro está no menor nível da história. Para que pudesse preencher, tinha que ser um inverno acima da média. O que queremos, neste inverno, é iniciar a recuperação do abastecimento. Convenhamos que 30% já contribui muito”, comenta o secretário.

O principal problema causado pela seca é o racionamento de água para abastecimento das cidades do interior. Mais de mil comunidades rurais do interior estão sem água. De acordo com o titular da Semarh, outras ações estão sendo desenvolvidas pelo governo para diminuir o impacto da falta d’água. Uma delas é a construção de uma adutora de engate-rápido, que ligará a adutora de Santa Cruz do Apodi a Pau dos Ferros, uma vez que o reservatório que abastece a cidade está com apenas 5% da sua capacidade preenchida. As obras começam nesta semana e devem ficar prontas em 60 dias.

Além disso, outras obras já estão a caminho, como a adutora do Alto Oeste (95% de conclusão) e a barragem de Oiticica (15% de conclusão). Os recursos para essas obras, assim como ações emergenciais, estão avaliadas em R$ 580 milhões, resultado da situação de emergência decretada pelo governo estadual em 2012, primeiro ano da seca.

Segundo Rêgo, nesta quarta-feira (26) será realizada uma reunião entre a Caern, a Semarh e o Ministério da Integração para discutir ações paliativas e permanentes para o abastecimento dos municípios em colapso. “Uma das possibilidades é a construção de mais uma adutora de engate rápido, desta vez em Currais Novos, além da perfuração de novos poços tubulares”, adianta o secretário.

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